2011-01-31

2011-01-30

Curiosamente, uma das melhores músicas ficou de fora do álbum; e logo uma que fala em livros

Porcupine Tree - Drown with Me


"So you have been of use
And you have been abused

You know you look pale today
Your lipstick has gone astray

You sold out and lost your looks
You gave away all your books

(You should drown with me)

Your coil has been wound up tight
Unwind it with me tonight

(You should drown with me)

Tyre tracks Fresh on the ground
Where she will be found
Held under the water
Resting there in a stream
View from the cold water
Buried in green
Orange filter sky

Your drowning in family there
When will you come up for air

(You should drown with me)

Don't feel you let 'em down
Cos they have already drowned

(You should drown with me)

2011-01-29

This is Water


Antes de se suicidar, em Setembro de 2008, David Foster Wallace deu um dos mais memoráveis discursos de que há memória, na cerimónia de início de ano lectivo do Kenyon College, no Ohio. Recomendo vivamente que leiam e ouçam em simultâneo a leitura pelo próprio David Foster Wallace (o texto está no link acima). Dá algum trabalho, exige algum esforço, mas vale muito a pena este pequena conversa sobre awareness.

Livro #2 de 2011


 Aprender a rezar na Era da Técnica, editado em 2007, é o livro que completa a tetralogia «O Reino», juntamente com Jerusalém, Um Homem: Klaus Klump e A máquina de Joseph Walser. E, na minha opinião, o melhor dos quatro.
 É estranha a forma como a escrita simples e objectiva (talvez até mesmo "fria") de Gonçalo M. Tavares tem a capacidade de comover. E comove pela sua forma quase maquinal. Nas suas personagens, nas suas histórias, não há espaço a grandes emoções ou grandes sentimentos, essa comoção é obtida pela brutalidade e pela - lá está - "frieza" que caracteriza grande parte dos acontecimentos.
 "Livros sobre a condição humana", costuma-se dizer dos livros de Gonçalo M. Tavares. De facto, Lenz Buchmann, a personagem principal, confronta-nos com a natureza mais austera da condição humana. Há aqui uma espécie de austeridade emocional, de permanente estado de guerra, em que as decisões (ou acções) são tomadas com uma naturalidade brutal e total ausência de atrito, ou forças em seu contrário. Lenz Buchmann é um homem a quem o desprezo e a insensibilidade são naturais. Para quem o mundo da lógica e da razão valem mais que o mundo da sensibilidade e da compaixão. Como se de um estado de emergência se tratasse, em que as consequências e os efeitos secundários são despromovidos na sua importância em detrimento de um fim ou bem maior; Lenz Buchmann vê as pessoas como objectos no que ocupam o seu caminho, ou como ferramentas que nas suas mãos devem ser usadas até deixarem de ser necessárias.
 Neste Aprender a rezar na Era da Técnica, os acontecimentos e as decisões são como um fluxo, como se de uma erupção vulcânica se tratasse; escorre lentamente a magma que, na sua serenidade irreversível tudo destrói e tudo modifica, sem que nenhuma emoção vença a razão: a Era da Técnica.
 Compreendo agora o facto de ter vencido, em 2010, o Prix du Meilleur Livre Étranger, em França; e compreendo aqueles que, como Saramago (que lhe previu um futuro Nobel), Vasco Graça Moura, Eduardo Lourenço, Pedro Mexia, lhe vaticinaram uma importância ímpar no futuro e presente da Literatura Portuguesa. Sem dúvida, o escritor português que mais gosto e um dos melhores livros que já tive oportunidade de ler.

A Comissão de Inquérito da Crise Financeira divulgou hoje o relatório onde explica o que levou à crise e quem está por detrás dela.

"“A maior tragédia é aceitarmos que ninguém podia ter previsto que isto ia acontecer e que, por isso, nada pudesse ser feito”, diz o relatório da Comissão de Inquérito da Crise Financeira. “Se aceitarmos esta desculpa, [a crise] vai repetir-se outra vez”, sublinha."

 É sempre bonito recordar que vivemos num mundo em que o direito à liberdade dos mercados é um valor mais alto que o direito à liberdade e bem-estar das pessoas e condenamos milhões à miséria porque os reguladores "não estavam nos seus postos".

Longa lista (quiçá um pouco maçuda) de títulos geniais do The Onion português #3

"Passageiros do metro de Nova Iorque que inalaram cinzas de Carlos Castro deram por si a googlar nomes como 'Mirita Casimiro' ou 'Madalena Iglésias'"

"Detido gang de mulheres que atacava homens para espremer borbulhas"

"Pequim vai proibir os chineses de terem mais de um cão para combater a obesidade"

"Submarino Tridente tinha etiqueta 'Não levar à água. Limpar a seco. Não engomar.' mas a Marinha não reparou"

"Associações de gays e lésbicas criticam gravidez da bloquista Ana Drago pois foi fruto de uma relação conservadora entre homem e mulher"

2011-01-26

As escolas privadas

Em relação a isto, a minha primeira impressão foi esta.

Longa lista (quiçá um pouco maçuda) de títulos geniais do The Onion português #2

"José Sócrates garante que o desfasamento entre os signos e as constelações não aconteceu progressivamente nos últimos 2500 anos mas subitamente em duas semanas de 2010"

"Indústria farmacêutica diz que não pode baixar o preço dos medicamentos da SIDA e que fica mais barato lançar a vacina descoberta há 15 anos"

"José Maria Ricciardi diz que Rogério Alves não pode ser Presidente do Sporting pois não tem nenhuma consoante no seu nome"

"14 leões mortos no Irão podem estar vivos e a caminho do FC Porto"

"Prostituta Paula anunciou o abandono da Selecção"

"Crianças indianas que dizem asneiras levam com doce na língua"

2011-01-25

Longa lista (quiçá um pouco maçuda) de títulos geniais do The Onion português #1

Inimigo Público de 21 de Janeiro de 2011

"PS está preparado para a vitória de Cavaco Silva mas já tem um plano B de alarme caso seja Manuel Alegre a ganhar"

"José Manuel Coelho visitou casa polémica do Algarve de Cavaco e regressa em Agosto em regime de meia-pensão"

"Julgamento de José Oliveira e Costa adiado para segunda-feira para permitir ao banqueiro festejar a vitória eleitoral do seu amigo Cavaco Silva"

"Sócrates estuda introdução da fraude da Nigéria em Portugal para aumentar receitas fiscais. (...) No primeiro ensaio de preparação, a viúva do Major Zé Carlos, antigo Chief Security Office do General João Silva, que tem uma herança de 70 milhões de euros para oferecer, conseguiu enganar duas dezenas de otários alemães, tendo recebido 5 milhões de euros depositados numa conta da CGD."

"Polícia desconfia que notas de 53 e 27 euros com que lhes pagam os ordenados podem não ser verdadeiras"

2011-01-24

Livro #1 de 2011


1968, A Revolução que Tanto Amámos! é o primeiro livro de 2011.


"(...) Daniel Cohn Bendit passados quase vinte anos sobre o episódio que tanta celebridade lhe deu, partiu à descoberta de antigos companheiros de luta, para ver aquilo em que cada um deles se havia tornado com a passagem do tempo (...) Através da história de cada um deles, Daniel Cohn-Bendit tentou compreender como é que esta geração, que durante algum tempo acreditou poder mudar a ordem vigente, acabou, não obstante o seu relativo fracasso, por conseguir de facto subvertê-la."

Em 1967

Teodoro W. Adorno e seu dono (que não é John Steinbeck)

A Volta ao Dia em 80 Mundos foi, em 1967, aquilo a que hoje em dia poderíamos chamar de blog. Um blog da "literatura total": da crítica à arte, do ensaio, da diarística, do conto, da observação do quotidiano; do prazer pela escrita.

Notas sobre estas Presidenciais #3

"As campanhas presidenciais portuguesas são sempre estranhas. Ou se fala do entendimento dos poderes presidenciais em termos vagos; ou se fala da história pessoal dos candidatos. Ou seja: ou é metafísica ou é não-gosto-deste-gajo. Isto, curiosamente, faz sentido. Para Presidente escolhemos quem saibas as duas coisas: interpretar e representar. Escolhemos uma interpretação da separação dos poderes e da república, ou seja, uma interpretação da Constituição.
 Foi a campanha esclarecedora? Sempre - para quem observar; para quem se informar. Para mim foi esclarecedor rever Cavaco. Para mim, Cavaco é um mau intérprete da democracia e da República com as suas desvalorizações da palavra e da diferença. E acho-o um símbolo da hipocrisia nacional, da sisudez travestida, do autoritarismo que eu não gostaria que nos representassem. Mas que se calhar representam, e eu democraticamente aceitarei.
 Mas até lá é isto: não gosto da metafísica de Cavaco, se é que a tem. E não sou fã do homem. Direitos de um eleitor como qualquer outro."

Rui Tavares no Público de 21 de Janeiro de 2011

E com isto, fica escrito por outros aquilo que eu penso sobre o assunto. Como se costuma dizer, cada um tem o que merece. I rest my case.

Notas sobre estas Presidenciais #2

"Historicamente o Presidente recandidato parte em vantagem. Por isso, Cavaco jogou à defesa: esclareceu o menos possível. E não resistiu aos apelos populistas e ao oportunismo: acusando os outros de o insultarem, quando o confrontavam com argumentos; recusando as regras da democracia, isto é, a segunda volta com argumentos financeiros; criticou as medidas que tinha acabado de promulgar e sobre as quais nada tinha dito no momento e local adequados.
 Os competidores tinham a vida dificultada: a sua campanha tinha de ser dura e contundente com o incumbente. Assim fizeram (exceptuando talvez Nobre), sobretudo nos casos comprometedores das acções do BPN, da Casa da Coelha e das escutas. Mas também se discutiram os poderes do Presidente e o seu papel no sistema político: o principal challenger (Alegre) afirmou-se como o mais bem posicionado para defender o Estado social (apesar do seu emagrecimento às mãos do PS...) e para evitar a concentração do poder à direita. Resta ver a decisão do soberano."

André Freire no Público de 21 de Janeiro de 2011

Notas sobre estas Presidenciais #1

"Não aprecio a adesão tribal, o voto pavloviano, o «mal menor». Muito menos numa eleição unipessoal. Não voto num político que recusa o escrutínio democrático. Nem voto em democratas que admiram Guevara."

2011-01-23

Um amor de pessoa, esta moça


Melhor título de música boa de sempre

Porcupine Tree - Last Chance to Evacuate Planet Earth Before It Is Recycled

a) Winding Shot (Summer 1981)]

If you fall asleep with me
You can dream and drowse
The miuntes turn to hours

We could climb a tree or two
And watch the sun go down
Upon our sleepy town

After all the time I spent with you
Summer went away
And we just weren't the same

It's just you and me alone
Not grown ups but not kids
You kissed me on the lips

[b) Last Chance to Evacuate Planet Earth Before It Is Recycled]

[instrumental]

Cinema de auto-ajuda

...presumindo que estou dispensado de identificar o filme em questão.

 Há uns meses, numa guesthouse de Höfn, sul da Islândia, um polaco, professor de cinema, dizia-me de Lost in Translation que era o filme que todos os anos revia uma ou duas vezes (ok, já identifiquei). Como uma espécie de terapia reconfiguradora do ser; um ritual para nos lembrarmos quem somos, de onde vimos e para que aqui estamos.
 Vasco Pulido Valente "regressa" todos os anos ao Eça; escritores há que relêem obras como quem vai à missa semanal; realizadores e cinéfilos reinjectam energias e alegria de viver "regressando" aos "seus" filmes de eleição, às suas obras apaziguadoras. Eu acho que encontrei a minha.

Eu bem tento mas não consigo

E que mais há a escrever sobre ténis quanto temos isto?

2011-01-21

Sobre o Ténis (2): a Tamira tem hoje 20 anos de idade

Por último, e porque tenho o Público com a croniqueta do Miguel Esteves Cardoso e o Balanço de 2010 da LOUD!  para ler, deixo aqui apenas um pequeno apontamento (e único que realmente interessa) sobre esse buraco negro que é o universo tenístico feminino: Tamira Paszek. Ora, o "arrastamento desportivo" de Tamira levara-a a terminar o ano de 2009 na embaraçosa posição 186 do ranking feminino de ténis (o WTA). Na altura, expressei todos os sentimentos que em mim despertava esse bungee-jumping classificativo, fruto de uma experiência quase paranormal que foi assistir ao jogo desta então miúda de 16 anos contra Jelena Jankovic que na altura lutava pelo topo da classificação mundial. Assim muito resumidamente, eu acreditava neste talento e estava disposto a investir elevadas quantias de dinheiro no seu futuro. Por este motivo lhe dediquei um post, na tentativa de captar as atenções das pessoas a nível mundial.
 Colocada a questão no início do ano, restava-me ir seguindo com atenção as prestações de Tamira. Acontece que, para minha desilusão (e do País), o pântano acabaria por se estender até à 325ª posição. A jovem austríaca foi acumulando derrotas em qualifyings e primeiras rondas até ter tomado a sábia decisão de voltar a jogar ITF's (torneios de menor dimensão), e foi assim que venceu, no final de Maio, o torneio de Izmir na Turquia.
 Com a injecção de moral desta vitória, o regresso ao circuito WTA não foi o esperado e os resultados voltaram a ser desastrosos até ao US Open, em Setembro, onde passou todo o qualifying e eliminou a número 28 mundial na 1ª ronda (à data, penso ter sido Lucie Safarova) antes de ser eliminada por Yung Jan-Chan na 2ª ronda. Esta pequena recuperação de resultados ao seu nível deu-lhe alguma confiança pois, a seguir, venceu o torneio de Quebec City, no Canadá, o que lhe permitiu regressar ao top 100 onde agora se encontra na 90ª posição. A partir daí, e apesar dos resultados relativamente intermitentes no final de ano, podemos finalmente voltar a sonhar com uma Tamira Paszek ao seu nível. Aquela Tamira de 16 anos que, de raquete na mão (raqueta para aqueles de vocês que assim o queiram), nos fazia sorrir, sonhar, ver arcos-íris (ou arco-íris, arco-írises, vocês sabem) e sermos todos, no fundo, muito mais felizes.

Apontamento final concluído com piada não eficaz: a escrita deste post não foi motivada pelo volume da caixa torácica da atleta, atributo que lhe garante a grande parte do sucesso entre o público masculino e, segundo dizem, Martina Navratilova.

Sobre o Ténis (1): a análise de 2010

Um ano depois, recuperar e analisar este post aqui.

"Não exactamente estas, mas há um par de anos "previ" a ascensão meteórica de um par de jogadores de então tenra idade - Djokovic, Cilic e Del Potro - e falhei redondamente na de outros - Fognini, Donald Young e Kei Nishikori."

 Dos falhanços rotundos, o Fognini que, no início de 2010, era o nº 54 do mundo conseguiu confirmar-se como um vulgaríssimo jovem jogador de top 100 e baixar para ao 55º lugar do ranking ATP. O máximo que conseguiu fazer no ano passado foi perder em cinco dignos sets contra o Monfils e o Verdasco, em Roland Garros e Wimbledon, respectivamente. A manutenção do no top 100 foi feita à custa da vitória num sem número de challengers (torneios de menor dimensão) tendo ainda conseguido averbar embaraçosas derrotas contra profissionais do ténis que não se encontram abaixo do top 400.

 O Donald Young, ex-número um júnior, estava na altura na posição 250 e entrava em 2010 com o objectivo de recuperar a sua posição de jogador de top 100 e, a partir daí, começar a bater-se nos torneios mais importantes do circuito. No espaço de um ano não conseguiu afirmar-se tendo apenas recuperado até à 128ª posição e sem resultados dignos de registo. Presença assídua em qualifyings, poucas vezes o vimos em lugar de destaque nos quadros principais.

 Kei Nishikori havia sido, em 2009, juntamente com Juan Martin Del Potro, uma das grandes revelações da segunda metade da época. Passou de praticamente anónimo a vencedor de um ou dois torneios importantes batendo alguns tenistas do top 20. Acabaria o ano como o mais novo jogador no top 100.
 A recuperar de uma lesão, no início de 2010 partia da 641ª posição para recuperar o seu lugar às portas do top 50. Apesar de não o ter conseguido, acabou 2010 como número 98º do mundo tendo vencido alguns torneios e iniciado o ano de 2011 com uma vitória sobre Marin Cilic no torneio de Chennai, na Índia. Teve algumas boas presenças, ainda que pouco afortunadas no que ao sorteio concerne, em Grand Slams tendo sido eliminado em Roland Garros por Novak Djokovic, por Rafael Nadal em Wimbledon e tendo eliminado o mesmo Marin Cilic no US Open, abandonando depois por lesão. Entretanto acaba de ser eliminado em 3 sets por Fernando Verdasco do Australia Open mas deixa óptimas referências para este ano.

"Outros, promissores, continuam na ténue linha que separa os "bons" jogadores dos "grandes jogadores": os casos típicos dos que dificilmente se mantém no top 20 como Sam Querrey ou Thomas Berdych."

 De Tomas Berdych, checo, desde muito jovem no top 20, sempre se disse que tinha o ténis mas não a consistência suficiente para ser um jogador de top 10 e para se bater regularmente com os melhores tenistas mundiais. O ano de 2010, foi, no mínimo, a confirmação de como as pequenas melhorias na consistência emocional do seu jogo se podem reflectir na classificação mundial. Uma presença na final do torneio de Wimbledon e uma boa participação em torneios ao longo de todo ano (com algumas intermitências, é certo) levam-no a iniciar o ano de 2011 como número 6 mundial.
 Já Sam Querrey, apesar de ter ascendido da 25ª à 18ª posição (o que não é uma subida muito acentuada), venceu alguns importantes torneios ao longo da época mostrando-se um jogador muito forte quando psicologicamente equilibrado. Ao factor psicológico podemos ir buscar o exemplo de um dos torneios de terra do ano em que Querrey se mostrava "aliviado" por acabar de ser eliminado por não se encontrar com grande vontade em jogar ténis. Foi um dos jogadores que mais torneios ganhou este ano: quatro.
"Deriva disso a minha generosidade de início de ano que adianta desde já os "próximos del potros" das novas gerações. Os nomes a reter para o biénio 2010/11 são o lituano Berankis, o búlgaro Dimitrov, o norte-americano Ryan Harrison e o australiano Bernard Tomic. Estes são, muito sucintamente, e sem rodeios de qualquer tipo, os nomes que vos devem fazer pegar em caneta e papel, apontar todos os dados biográficos, seguir todos os jogos, a carreira, o acompanhamento torneio-a-torneio, os pequenos almoços. Enfim, os nomes nos quais devem apostar para ganhar dinheiro nas casas de apostas."

 Dos jogadores mais jovens, e que se calhar deviam ter sido tidos como as apostas para o biénio 2010/2011, a análise pode ser feita através da simples comparação entre a sua classificação no início e no fim do ano:
- Ricardas Berankis passou de top 300 e acabou em 87º. E vejam onde já vai neste Open da Austrália, 3ª ronda depois de eliminar David Nalbandian.
- Grigor Dimitrov estava no top 300 e subiu ao lugar 106.
- Ryan Harrison subiu do top 400 para 173º.
- Bernard Tomic era top 300 e, apesar de não ter subido muito além da entrada do top 200 (208º, para sermos mais precisos) está actualmente na 3ª ronda do Australia Open onde vai ter o teste mais difícil da sua curta carreira ao enfrentar Rafael Nadal, el número un del mundo.

"Outro que não é para o biénio mas é para os próximos meses é o "nosso irmão" Thomaz Bellucci que começou a subir no ranking a tempo de ter estado presente nos Jogos Olímpicos de Pequim e já é vigésimo tal. Tem 22 anos e parece que joga de mão esquerda. Vai longe o rapaz."

 Thomaz Bellucci acabaria por dar apenas um pequeno salto na classificação mundial ascendendo de nº 36 para nº31 naquilo que parece ser uma estagnação para reorganização interna e adaptação às condições  meteorológico-tenísticas da zona na qual pretende penetrar, ou seja, saltar o tão desejado fosso tenístico que separa os primeiros 5 do ranking ATP dos seguintes 30, e destes 30 dos restantes 70.

E assim se fez 2010; mais um ano desta pirâmide desportiva novamente encabeçada por quatro inequívocos nomes: Rafael Nadal, Roger Federer, Novak Djokovic e Andy Murray. Qualquer dia escrevo um post  a explicar porque é que Robin Soderling não.

Bet And Win

Falhei em toda a linha. E, com excepção do Del Potro, ainda bem.

2011-01-20

São duas da manhã, estou a ver o Nadal-Sweeting e não tive tempo de acabar o post que estava a escrever

Antes da abordagem exaustiva dos próximos dias, deixo aqui lista de jogos a ter em atenção para esta madrugada:

- Bernard Tomic vs Feliciano López: se o Tomic passa à 3ª ronda, tem uma das maiores vitórias da sua curta carreira (tem 18 anos) e dá um salto no ranking ATP (é actualmente o 199º).  E depois não há forma de prever o que um ex-número 1 júnior pode fazer a jogar contra o nº 1 do ranking mundial, extra-motivado e, como se não bastasse, a jogar o Grand Slam do seu país. (minha aposta: Feliciano López em 4 sets)

- David Nalbandian vs Ricardas Berankis: porque o Nalbandian vem cansado dos cinco sets contra o Hewitt e o Berankis é mais um caso do típico jogador jovem que se supera nos grandes torneios. E pensar que há bem pouco tempo este jogador lituano tinha como rival um jogador português chamado Gastão Elias. (minha aposta: Nalbandian em 5 sets)

- Juan Martin Del Potro vs Marcos Baghdatis: o Australia Open é o torneio onde habitualmente o Baghdatis faz melhores resultados e exibições mas é apenas uma questão de tempo até o Del Potro voltar ao lugar onde pertence, o Top 10. Quantos mais jogos o argentino ganhar, mais ritmo de jogo recupera e melhor se exibirá. Se ganhar ao Baghdatis, o próximo adversário será Jurgen Melzer e depois...Andy Murray. (minha aposta: Del Potro em 4 sets)

2011-01-18

Não comprem os livros todos dele não...

"No café, na mesa ao lado, três miúdas preparam um exame em voz alta. É psicologia, talvez sociologia, ou um pouco de ambas, em todo o caso um amontoado de clichés, estatísticas e boas intenções. A certa altura, surge o fatal conceito de «pós-modernidade». As raparigas tentam uma definição do bicho. Alinhavam umas frases incompletas sobre a «racionalidade» e os «valores», mas não parecem convencidas. Até que uma delas propõe: «A pós-modernidade é a gente estar-se a cagar para o que os outros pensam de nós». Faz uma pausa e depois declara: «Eu estou-me a cagar». As outras concordam abanando a cabeça. Bom 2011."

2011-01-15

The Beatles

"Greenberg" - Noah Baumbach (2010)

O meu primeiro Baumbach. Siga-se A Lula e A Baleia.

No ano de 2011?

"Trânsito parado no sentido Rua do Campo das Cebolas à Praça da Figueira devido a uma avaria de um eléctrico."

 ...o trânsito de fim de tarde ouvido na TSF.

just a silly phase

(...)
I'm not in love, so don't forget it
It's just a silly phase I'm going through
And just because I call you up
Don't get me wrong, don't think you've got it made, ooh


I'm not in love, I'm not in love...
(...)

Ou a banda sonora de um trânsito de fim de tarde.

2011-01-10

"L'illusioniste" - Sylvain Chomet (2010)

Passeando por Paris, Londres e Edimburgo, saído da cabeça de Jacques Tati.

Maelstrom

–noun
1.
a large, powerful, or violent whirlpool.
2.
a restless, disordered, or tumultuous state of affairs: the maelstrom of early morning traffic.
3.
initial capital letter a famous hazardous whirlpool off the NW coast of Norway.

2011-01-09

O Ano de 2010: Música (parte III)


- Gastar dinheiro na Smekkleysa - Bad Taste Record Store em Laugavegur 35, 101 Reykjavík. Mítica loja/editora islandesa que lançou bandas como os Sugarcubes e os Sigur Rós, e conhecida por oferecer total liberdade criativa aos seus contratados. Ainda hoje publica livros de poesia, curtas metragens, postais e pequenos souvenirs. Vi com estes olhos os álbuns de bandas islandesas obscuras gravados em CD-R e escritos à mão em caixa de cartao ou embrulhados em alumínio. Culto.

- Ver o Heima, o Screaming Masterpiece e a transmissão ao vivo do Festival Iceland Inspires.

- Islândia, a viagem espiritualo-musical do ano.

- Não ver xilofones no país do xilofone. Estou em crer que a Islandia é toda ela um grande xilofone, se visto da perspectiva correcta, a partir do espaço.

O Ano de 2010: Música (parte II)

- A inexistência de álbuns de música pesada que me levassem a perder a cabeça. Ando a ouvir, mas sem grande entusiasmo, os últimos álbuns de Deftones, James LaBrie, Angra, Enslaved e Nevermore. E Nevermore, que desilusão! De melhor álbum da década ou de sempre ao lançamento de um álbum vulgaríssimo, cheio de refrões enjoativos, vai uma distância muito grande. Vejam a diferença que vai do This Godless Endeavour (2005) ao Obsidian Conspiracy (2010).


- O Vagos Open Air 2010, o maior festival exclusivamente pesado do País, a chorar por uma Super Bock enquanto ingeria toneladas de pó do campo de jogos da Lagoa do Calvão.
Ver Carcass ao vivo já depois das esperanças levadas pelo fim da adolescência e pelo fim da banda. Banda mítica do grind, do death metal técnico e melódico. Uma reunião que trouxe o revivalismo pela adolescência e teve muito de catártico.
Ver uns Amorphis já metamorfoseados em algo que já não é bem aquilo que eu gostava na banda, mas a serem amigos do utilizador e a oferecerem uma ou duas músicas do Tales from the Thousand Lakes, álbum mítico do início dos anos '90.
Ver Kamelot e lembrar o heavy metal tradicional dos grandes refrões e dos grandes solos. Ser agredido com uma palheta e não reagir com o entusiasmo adolescente de quem apanha uma palheta no final de um concerto (ah!...as palhetas!).
Ver o baterista dos Oblique Rain a mandar pinta.

- Encostadíssimo a ver Katatonia ao vivo no Hard Club do Porto, finalmente. Um concerto a que fui sem expectativas e que soube mesmo bem por aquilo que realmente interessa: ouvir a música.

- O regresso de uma sala onde "fui muito feliz". O Hard Club está de regresso ao Roteiro da boa música e agora ainda mais perto.

O Ano de 2010: Música (parte I)

Dois mil e dez - não fica bem começar uma frase com algarismos - foi provavelmente o ano em que menos fiz pela música e em que a música menos fez por mim. Quase não comprei álbuns, quase não descobri bandas novas, quase não fui a concertos... O que, se não me falha a memória, já não acontecia desde o já vaporizado ano de 2000, O Ano da Morte da Preguiça Musical do Adolescente (por volta dos meus treze anos).

 2010 - agora já com algarismos - foi o ano em que deixei de comprar a LOUD! e a arrumá-la directamente na prateleira, e o ano em que passei a cortar o cabelo mais de uma vez ao ano. Como se isso tivesse alguma importância. Ei-lo em todo o seu esplendor, 2010:

- a pop islandesa em força:

Jónsi - Go

 Hjaltalín - Terminal

Para este, vai o meu voto Álbum do Ano. Tem a pop dançável e o rock progressivo (ah!.. as até hoje irritantes alegações dos "ritmos dançáveis"!); o jazz e as orquestrações; o guitarrista de cabelo comprido e os falsetos; a gaja do oboé e o gajo do violino. Jovens-indivíduos-potenciais-personagens-de-filme-indie a produzirem refrões para serem consumidos repetitivamente até à exaustão.
(Sou amigo, forneço amostra: música 1, música 2, música 3)


Reyjavík Grapevine Fancy Airwaves Compilation '10 

Compilação com as bandas que actuaram no festival brilhantemente falhado por uma semana de diferença. Sintoma de graves falhas ao nível da calendarização de férias do funcionário público.


Retro Stefson - Kimbabwe

Com o voto Banda com Pinta do Ano, ou "Como Uma Banda Pode ter Apenas Quatro Músicas Boas num Álbum e Ser Igualmente Um dos Pontos Altos de 2010". Voto este, não influenciado pelo facto destes late-adolescentes terem dedicado uma música ao grande Eusébio da Silva Ferreira ("Eusebio", por sinal uma das mais fracas do álbum) e serem benfiquistas (nascidos em Portugal filhos de mãe angolana e pai islandês). A compra deste produto numa livraria Eymundsson de Ísafjörður (ah!...as livrarias Eymundsson) foi o meu humilde contributo para alavancar a cultura e a economia islandesa. Podem ver as imagens do local aqui:


"A Clockwork Orange" - Stanley Kubrick (1971)

Adaptação literária. Cinema pós-Maio de 68. Tratado sobre a violência dos invivíduos contra os indivíduos e da sociedade contra os indivíduos.  Ludwig van (Beethoven). Gala futurística pós-punk. O meu primeiro Kubrick.

No blog do maradona

De alf a 8 de Janeiro de 2011 às 19:04
Desde Quinta-feira que o Maradona não escreve uma palavra. Se o Maradona era o Carlos Castro quero desde já propor um suicídio colectivo.

2011-01-03

O Ano de 2010: Livros (lidos este ano)

1. 2666 (2004) - Roberto Bolaño

2. Conspiração Contra a América (2004) - Philip Roth

3. Consider the Lobster (2005) - David Foster Wallace

 Ficam como menções honrosas: Todo o Mundo (2006) de Philip Roth e Ficções (1944) de Jorge Luís Borges. 
A seguir ao título temos o ano em que foram originalmente publicados e não a data da edição portuguesa.

Pixar's Cereal Bar



Usurpado a partir de uma ideia tida por mim no Verão de 2007, num vilarejo chamado Paredes de Coura. No fundo, todas as boas ideias que tenho vêm-me sendo roubadas. (sintam-se livres para corrigir o Português disto)

2011-01-02

Livro #15


Ainda não terminei de ler o livro mas fica já aqui registada a sua leitura, para "fechar" o ano de 2010.

A publicação de A Volta ao Dia em 80 Mundos é uma continuação da intenção manifestada pela Cavalo de Ferro em traduzir grande parte da obra do argentino Júlio Cortázar, em Portugal. Começou com Rayuela (em 2008), seguiu com A Volta ao Dia em 80 Mundos (em 2009) e continuou com a publicação de Papéis Inesperados já em 2010.
Este livro foge a qualquer definição pois junta ensaios a reflexões quotidianas do autor, mistura referências a Teodoro W. Adorno (seu gato) e Jorge Luís Borges, intercala poemas com considerações sobre literatura. Tudo isto polvilhado com imagens seleccionadas pelo próprio autor e sonorizado pelas referências e considerações musicais que são uma constante na sua obra.  Tudo isto faz deste A Volta ao Mundo em 80 Dias uma "experiência total" cortazariana que de ficção nos oferece apenas alguns e  esporádicos contos, mas que vale acima de tudo pelo intelecto excepcional e pela cultura de um escritor que marcou a escrita do século XX.

Livro #14

Já quase se pode falar num universo mexiano. Diários íntimos, blog, intervenções públicas ou observações, a verdade é que não se consegue deixar de ler ou ouvir o que Pedro Mexia tem para nos dizer (mesmo quando já não tem nada para nos dizer).
Este livro reúne crónicas assinadas no Diário de Notícias algures entre 2006 e 2007 e encontrou o seu título num pedido que a direcção do jornal havia endereçado a Pedro Mexia em relação à temática a abordar nestas crónicas: Nada de Melancolia. O resultado é, obviamente, o esperado: a primeira crónica ridiculariza em absoluto este pedido e o resto vai "por aí fora": auto depreciação, considerações sobre cinema, música, e meninas. Tudo isto com o devido respeito e selo de garantia.
Um caso em que prefaciado e prefaciante (se é que estes termos existem), em estilos diferentes, adquiriram já o mesmo estatuto, para gerações diferentes. Essencial.

 Uns excertos para abrir o apetite. 

Livro #13


 Depois da tradução de O Leilão do Lote 49 pela Relógio D'Água, em 2009, coube agora à Bertrand a tarefa de continuar a tradução da obra de Thomas Pynchon em Portugal. Se a publicação de Vício Intrínseco se deve à vontade em traduzir a obra de Pynchon ou acontece apenas pelo sucesso das vendas que o livro teve nos EUA, não sabemos; mas que sirva, pelo menos, de alavanca à publicação breve de traduções dos trabalhos mais exigentes e "difíceis" de Pynchon como Gravity's Rainbow, por exemplo.
 Inherent Vice, ou Vício Intrínseco, é satisfatoriamente descrito na sua própria contra-capa como sendo:

 "Em parte noir, em parte farsa psicadélica, protagonizado por Doc Sportello, detective privado, que de vez em quando se ergue de uma névoa de marijuana para assistir ao fim de uma era."

 Para quem não está familiarizado com o universo "pynchiano" pode ser difícil deslizar sem atrito pelas suas narrativas. Ao contrário dos mais canónicos dos romancistas americanos (Roth, McCarthy, Bellow...) a escrita de Pynchon não é propriamente séria ou formal. É como se tivéssemos um Tarantino novelístico que parodia, exagera, serve-se do absurdo a todo o momento, e que faz disso o seu estatuto. As suas histórias não estão encharcadas de lógica ou realismo, atributos mais convencionais.
 Ora, isto pode levar ao afastamento do leitor a menos que a determinada altura compreenda que os moldes em que se movimenta o autor não são os habituais e comece assim a desfrutar da "história pela história". E é a partir daí que os seus livros começam a ganhar interesse. Uma vez dentro da "frequência" da escrita de Pynchon, tudo é magistral. A escrita, as referências musicais e culturais que são a marca de água do autor, os nomes das personagens sempre criativos, a forma quase enciclopédica com que constrói um mundo dentro do próprio livro e que quase nos obrigariam a uma extensa pesquisa bibliográfica para as compreender na totalidade. É um escritor que nos obriga a compreendê-lo primeiro e desfrutá-lo depois.
 Vício Intrínseco, apesar de ser, segundo a imprensa, uma obra mais "relaxada" e menos ambiciosa que os trabalhos anteriores (quer em tamanho quer em complexidade), é mais um daqueles livros de infinito potencial que me faz gostar cada vez mais de Thomas Pynchon e, consequentemente, ser uma pessoa "de muito melhor com a vida".

Fica aqui também um grito de revolta contra a incompetente adaptação da tipografia tipo luz-de-néon da versão portuguesa. A milhas de distância da versão original:

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