2010-01-13

Relatório sobre a vida descontínua dos habitantes do terceiro planeta

© Raquel Porto

  "TERCEIRO DIA TERRESTRE: Cumpridas setenta e duas horas, tempo terrestre, de observação no local, confirma-se a tese de que a descontinuidade da  vida dos terrestres não é por eles percepcionada. Efectivamente os terrestres vivem na ilusão da continuidade temporal.
  A imobilização do planeta e do fluxo temporal é um fenómeno unicamente detectável por observadores exteriores ao planeta.
  As diferentes civilizações terrestres partilham desta  ilusão temporal. Todos os terrestres observados, em  colectivo ou individualmente, partilham a crença na continuidade do tempo —  simbolizado pela  metáfora universal de um rio sempre fluindo sem interrupção.
  Nenhum dos momentos de interrupção do fluxo foi em nenhuma circunstância percepcionado por qualquer terrestre. É como se nesses momentos de imobilidade absoluta ficassem adormecidos num tempo interior para depois, como num encantamento, acordarem, sem se aperceberem que acordaram.    
  Não nos foi ainda possível determinar a actividade inconsciente dos humanos nesses intervalos de tempo (se é que ela existe).
  A observação no local continua."
Escrito por Nuno Artur Silva, com fotografias de Raquel Porto
Ed. Cotovia, 2000

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