Já não sei quem me deu isto a ler - se a LER, o Senhor Palomar, o Casanova, ou nenhum deles. É o terceiro excerto publicado de The Pale King, o romance não concluído de David Foster Wallace, e no qual vinha trabalhando nos últimos dez anos. Não tenho é dúvidas que ler este texto foi "o" momento de comovente descoberta da época de leitura que terminou. (considerando que cada ano é como uma season futebolística, cheia de novos objectivos, novos reforços, novas "pré-épocas"...)
Neste texto, tudo é sobre "como-se-escreve", nada é sobre "o-que-se-escreve". Ou melhor, acaba por ser sobre a forma como se escreve sobre um tema tão "inabordável" como este; a forma como a criatividade e imaginação que lateja na cabeça de um génio é tão claramente descrita, palavra após palavra, frase após frase, parágrafo após parágrafo. Como diz o MEC: «As frases... É preciso ter muita atenção à frase. (...) A frase é uma coisa demasiado desprezada. A frase: o predicado, o sujeito, não sei quê. Não é o parágrafo. É a frase. A pontuação. A sintaxe. Estas coisas todas de que agora ninguém fala.».
Este é um texto que nos diz que, seja qual for o tema, DFW envergonha qualquer um que escreva mais de duas frases seguidas. E para constatar isso e ficar-se ainda mais embaraçado era preciso também ler isto e isto, coisa que ainda não tive bagagem para fazer; como aqueles calhamaços que guardamos para ler um dia. Entrar na mente de DFW - e que mente esta, onde não estranhem se nada fizer mais sentido do que o absurdo - é uma realização. All That de David Foster Wallace é a minha "história de Natal".
E relativamente às declarações póstumas da sua editora a uma revista, consta que vinha algo do género:
«She also discussed some of Wallace’s quirks, such as his disdain for e-mail, and his unique relationship to the telephone.
For a long time, he communicated exclusively by answering machine. I would leave him a message at some point during the day—he didn’t answer the phone—and then, late at night, when I was no longer at my desk, he would leave a very long response on my voicemail. I didn’t take this personally—it was a quirk of his, and I think he was perhaps more open and direct speaking to a machine than he would have been speaking directly to another voice. In the last few years of his life, though, this changed and he did start to answer the phone and communicate more directly, a result, I suspect, of his finally being happy in a relationship.» vindo daqui (em que o homem fala) e daqui também
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