Da semi-mediocridade - semi por ser feito por quem é- do último trabalho escrito por Ricky Gervais, o filme Invention of Lying, salta à vista a quantidade de gente 'grande', do cinema e da TV, que se sujeitou a papéis 'menores', pela oportunidade de poder trabalhar (vulgo fazer asneiras nos bastidores) com Ele: Rob Lowe, Tina Fey (30 Rock), Louis C.K. e, principalmente, Edward Norton e Philip Seymour Hoffman.
Não sei o que faz PS Hoffman no papel de um barman com apenas meia dúzia de linhas no filme. Sei sim que, a cada filme que faz, mais se acentua o recém-nomeado "efeito Seymour-Hoffman" que provoca nos cinéfilos a admiração e o consenso em torno da performance do piloso actor mesmo quando esta se resume a apenas duas falas, três contracções do músculo da testa ou uma passagem fugaz diante de uma das personagens, enquanto atrapalhado figurante. Dou por mim, agora, a admirar PS Hoffman a cada elevação de sobrancelha; comovo-me com cada pausa; intrigo-me com as horas de interiorização por trás de cada olhar. Como se cada um destes movimentos fosse merecedor de um Óscar para cada um.
Como eu, multiplicados estão já aqueles que vêem quaisquer dois minutos de participação de PS Hoffman com o mesmo empenho e concentração que aplicava em cada deixa Marlon Brando em O Grande Chefão (se traduzido com o rigor que considero necessário). O efeito Seymour-Hoffman, o da complexidade do pestanejamento e da consciência da sobrancelha enquanto "vários-óscares", é, cada vez mais, o efeito Brando-Pacino-De Niro dos nossos dias.
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