Ligo o computador:
Carlos Vaz Marques: "Para que é que serve um livro, Gonçalo M. Tavares?"
Gonçalo M. Tavares: "Para alterar a velocidade normal."
2011-06-30
2011-06-29
Livro #9 de 2011
Gonçalo M. Tavares é o meu escritor português favorito.
Não gostei de ler este esquisso literário que é "Água, Cão, Cavalo, Cabeça".
Nem percebo nada destas literatices.
Obrigado.
2011-06-28
Livro #8 de 2011
Em Agosto do ano passado, Tony Judt morreu com esclerose lateral amiotrófica. Tinha 62 anos. Tido como um dos mais importantes historiadores e intelectuais das últimas décadas - Postwar foi recentemente considerado um dos cem melhores livros de não-ficção pelo Guardian - ocupou grande parte dos seus últimos meses de vida a ditar (literalmente, com ajuda da família) aquilo que viriam a ser os seus últimos dois livros. Um Tratado Sobre os Nossos Actuais Descontentamentos é um deles.
Este livro-ensaio recentemente editado - uma espécie de testamento político - pretende estimular uma nova forma de se falar do Estado e do seu papel nas sociedades modernas. Fala-nos de como o chamado "estado social" foi erguido no pós-guerra, porque surgiu e, mais tarde, viria a ser desmantelado sob a influência da escola teórica do neoliberalismo, nas administrações Reagan e Thatcher.
Tony Judt recupera o argumento "Estado" para nos explicar que o caminho não passa por deixarmos de falar em social-democracia, mas por falarmos dela de forma diferente. Relembrando-nos da rapidez com que esquecemos as lições do passado, Um Tratado Sobre os Nossos Actuais Descontentamentos recupera esse mesmo passado para nos dar a compreender os "nossos actuais descontentamentos" e aponta-nos um caminho alternativo ao que nos é proposto pelo pensamento económico neoliberal. Uma leitura que vale muito a pena.
Este livro-ensaio recentemente editado - uma espécie de testamento político - pretende estimular uma nova forma de se falar do Estado e do seu papel nas sociedades modernas. Fala-nos de como o chamado "estado social" foi erguido no pós-guerra, porque surgiu e, mais tarde, viria a ser desmantelado sob a influência da escola teórica do neoliberalismo, nas administrações Reagan e Thatcher.
Tony Judt recupera o argumento "Estado" para nos explicar que o caminho não passa por deixarmos de falar em social-democracia, mas por falarmos dela de forma diferente. Relembrando-nos da rapidez com que esquecemos as lições do passado, Um Tratado Sobre os Nossos Actuais Descontentamentos recupera esse mesmo passado para nos dar a compreender os "nossos actuais descontentamentos" e aponta-nos um caminho alternativo ao que nos é proposto pelo pensamento económico neoliberal. Uma leitura que vale muito a pena.
'Deliciano' Lopez
Mãe de Murray louca com Feliciano Lopez. “Acho que já era altura de a minha mãe parar com este absurdo. Dá-me vontade de vomitar."
(a quem já nos referiramos aqui)
Pai (Eddie Jordan), Filho (David Coulthard) e Espírito Santo (Jake Humphrey)
Há pouco mais de duas semanas, sentado num confortável sofá holandês (o mesmo que dizer "no estrangeiro), assistia a uma das melhores corridas de Fórmula 1 dos últimos anos - na sempre genial transmissão da BBC (Jake Humphrey é Deus): o Grande Prémio do Canadá, ganho na última volta pelo Button, depois de uma espectacular recuperação em dia de cataclismo meteorológico.
Duas semanas volvidas, já em território de West Coast of Europe - e anestesiado pelos comentários alprazolânicos do César Campaniço - o Grande Prémio de Valência empurra-me, com violência, de volta à realidade: uma época de Fórmula 1 sem história. Ter quase 100 pontos de vantagem ao fim de apenas oito corridas, é claramente um sinal de ressaca competitiva em relação à época passada.
É portanto, sem surpresa, que Isto é tudo o que eu tenho a dizer sobre o Grande Prémio deste fim de semana:
Nota: as melhores horas-de-transmissão-de-Fórmula-1-de-sempre-do-universo foram as duas horas em que a corrida esteve suspensa em Montreal e o Jake andou a fazer networking junto do paddock. As duas de treta que deram com o Martin Whitmarsh, à entrada da box do Hamilton, foram o momento televisivo mais bonito de 2011. Que patrões!
2011-06-19
2011-06-18
2011-06-17
Livro #7 de 2011
Em primeiro lugar, a capa. A Cavalo de Ferro, que não costuma "deixar os créditos por mãos alheias", capricha, mais uma vez, no bom gosto: o tipo de letra usado, moderno, encaixa como uma luva na panorâmica da ancestral Reykjavík do início do século XX. As velhas casas de madeira - tão escandinavas - dispostas em redor do Tjörnin naquela que mais tarde viria a ser o local de implantação do famoso parlamento islandês: o Althingi. Ao fundo, o Akrafjall e o Esja guardam o início de Faxaflói, a baía que molha Reykjavík, e são um pequeno aperitivo do que o resto da ilha da terra e do fogo tem para oferecer. Enfim, um daqueles livros em que só de o olhar já dá vontade de ler.
Com Os Peixes Também Sabem Cantar, Halldór Laxness deixa de ser apenas o nobel islandês "for his vivid epic power which has renewed the great narrative art of Iceland" para passar também a ser um escritor "muito cá de casa". A história conta-nos a infância e o crescimento do jovem Álfgrímur que sonha, um dia, ser pescador de peixes-lapa como o seu avô-adoptivo, Björn de Brekkukot, mas cujas virtudes, e a rápida modernização da sociedade islandesa, o levam a seguir um caminho que nunca ambicionara.
A sensação de estarmos a ler uma coisa escrita em 1957 nunca chega a materializar-se porque, em boa verdade, o estilo de Laxness é completamente actual. São intemporais (e universais) o humor, a compaixão, o apego às raízes, a ligação à natureza. Entrentanto, "Gente Independente", o outro romance já traduzido para o português, já cá consta.
A sensação de estarmos a ler uma coisa escrita em 1957 nunca chega a materializar-se porque, em boa verdade, o estilo de Laxness é completamente actual. São intemporais (e universais) o humor, a compaixão, o apego às raízes, a ligação à natureza. Entrentanto, "Gente Independente", o outro romance já traduzido para o português, já cá consta.
2011-06-10
"Sommaren med Monika" - Ingmar Bergman (1953)
Sommaren med Monika em sueco, Summer with Monika em inglês ou Mónica e o Desejo em português. É escolher como se prefere. É o meu segundo "Bergman" e gostei muito.
"Tree of Life" - Terrence Malick (2011)
Sobre este já se disse tanta coisa que vou deixar ao critério da pessoa humana decidir o que achar do filme. Eu encontro-me no dos que se refugiaram na opinião de que é um portento visual mas que não chega a ser tão bom como a obra anterior.
Declaração de interesses: eu adorei O Novo Mundo.
"Norwegian Wood" - Anh Hung Tran (2010)
Descrição simplista: um triângulo amoroso pós-adolescente no Japão dos anos 60. "Norwegian Wood", de Anh Hung Tran, é uma adaptação do romance do escritor japonês Haruki Murakami com o mesmo nome. E como quase todas as adaptações cinematográficas, acaba por dar a sensação de que não faz jus à obra original.
Não vou mentir; o filme é muito bem realizado. Bonito mesmo. É bonita a fotografia (como a imagem acima demonstra), é bonita a envolvência do filme, os cenários, a construção das personagens, o Japão per si. A relutância em gostar muito do filme radica sobretudo no facto de parecer que o filme não capta a essência da história (que no romance de leitura fácil, é mais linear e aqui parece ter muitos solavancos narrativos). Parecendo um pouco confuso, especialmente para quem leu e gostou da obra, o filme acaba por ter o "toque" do realizador vietnamita, cuja ausência é tão criticada em tantas adaptações cinematográficas.
Não consigo por isso concordar na totalidade com o Pedro Mexia. Talvez por ser refém da leitura do romance; talvez por ser só um cine-idiota. A verdade é que a sensação que fica é a de faltar muita história ao filme.
Ah, e não conseguimos passar um comentário sem deixar a música dos Beatles que dá nome ao filme.
2011-06-08
Vai doer mas dói com legitimidade democrática
A coisa mais acertada que li até agora sobre as eleições foi escrita pelo Daniel Oliveira no Arrastão:
"(...) Só que nestas eleições houve uma novidade: não há forma dos eleitores dizerem que foram enganados. Desta vez o voto contra quem está não podia ignorar o conteúdo do programa de quem vinha aí. Nunca um candidato a primeiro-ministro foi tão claro nos seus propósitos. (...) Ninguém poderá dizer que Passos prometeu uma coisa e fez outra. Não foi assim com Durão Barroso. Não foi assim com José Sócrates. Mas Passos, honra lhe seja feita, foi claro.
Claro que quando as pessoas forem afetadas diretamente por estas medidas se irão opor. Claro que se vão sentir enganadas. Claro que vão protestar. Claro que vão falar mal da classe política. Mas espero que não se esqueçam nunca que a democracia exige responsabilidade.
(...) o programa mais liberal da história da política nacional foi aprovado pelo povo. Vai doer. Mas dói com legitimidade democrática."
Era um bocadinho isto o que eu achava destas eleições. Fosse qual fosse o resultado, os caminhos à nossa disposição haviam sido colocados à nossa frente de uma forma clara como nunca antes. Por vezes, quando falamos no direito ao voto, esquecemo-nos de falar no voto enquanto dever e, nunca como nestas eleições, o voto foi um dever tão importante.
É portanto tempo de assumirmos a responsabilidade do nosso voto. O caminho? Fomos nós que o escolhemos.
Eu explico porque é que esta é a nossa altura favorita do ano
É quase meia noite e chego a casa satisfeito. Venho da Feira do Livro do Porto onde a hora h é o ponto alto do certame: todos os dias, entre as 22h às 23h, só falta os vários grupos editoriais pagarem para levarmos livros para casa. Neste período de tempo, livros com mais de 18 meses passam a ser vendidos ao público com descontos que rondam em média os 40%, 50% e 70% do preço de venda ao público. É, portanto, a altura ideal para perdermos a cabeça com aqueles últimos trocos que tínhamos lá em casa à espera de melhor uso.
A Feira do Livro do Porto tem o prodigioso talento de nos aumentar o stock caseiro de livros-que-na-altura-nos-apeteceram-mas-que-provavelmente-nunca-iremos-ler-na-vida. Casos como o dos dias em que nos apetece ler mais sobre história dos cristãos, muçulmanos, e judeus em Salónica, de 1430 a 1950; sobre história da mitologia grega ou introdução às teoricas económicas. Tudo coisas que um dia iremos ler enquanto pessoas interessantes e interessadas; dia esse que está sempre quase a chegar.
Como em todos os períodos de tempo definidos que consistem na aquisição de elementos de valor individual no sentido de reforçar o desempenho de um conjunto de unidades que funcionam entre si - a própria definição de conjunto - ( ver Mercado de Contratações de Inverno), também a Feira do Livro do Porto pode levar a aquisições desvairadas de última hora fruto do desequilíbrio emocional provocando pela falta de tempo para avaliar a compra (ver 80% do capítulo Contratações de Jogadores Brasileiros pelo Benfica no Mercado de Contratações de Inverno). É também um bocadinho como - e aqui também podia ter estabelecido esta comparação - aqueles últimos dias de Queima, em que a miúda que acorda ao nosso lado, surpreendentemente, não era tão gira como no dia anterior. As asneiras acontecem mas temos de viver com elas. Os erros são como cicatrizes que carregamos para o resto da vida e que nos ensinam a repetir o passado que invariavelmente iremos repetir.
Como em todos os períodos de tempo definidos que consistem na aquisição de elementos de valor individual no sentido de reforçar o desempenho de um conjunto de unidades que funcionam entre si - a própria definição de conjunto - ( ver Mercado de Contratações de Inverno), também a Feira do Livro do Porto pode levar a aquisições desvairadas de última hora fruto do desequilíbrio emocional provocando pela falta de tempo para avaliar a compra (ver 80% do capítulo Contratações de Jogadores Brasileiros pelo Benfica no Mercado de Contratações de Inverno). É também um bocadinho como - e aqui também podia ter estabelecido esta comparação - aqueles últimos dias de Queima, em que a miúda que acorda ao nosso lado, surpreendentemente, não era tão gira como no dia anterior. As asneiras acontecem mas temos de viver com elas. Os erros são como cicatrizes que carregamos para o resto da vida e que nos ensinam a repetir o passado que invariavelmente iremos repetir.
Se considerarmos que o volume de importação de livros cá para casa supera largamente o volume de leitura de outros tantos exemplares, podemos facilmente perceber que esta situação é como o défice das contas públicas: insustentável. Andamos, como é do conhecimento público, a comprar acima das nossas possibilidades - possibilidades de leitura na vida de uma pessoa que trabalhará, terá um mínimo de vida social e proporcionará, a si próprio, variados momentos de felicidade sentado a não fazer nada. Nomeadamente a trabalhar em coisas como:
...ver isto
...ou isto, em alta definição, enquanto se faz o sacríficio de beber uma carlsberg fresquinha (não há quem defenda os direitos dos trabalhadores)
Mas vamos ao essencial - e para que fique registado em sede própria - pela módica quantia de dezenas de euros em livralhada (mais de cinco, menos de seis) adquiriram-se:
- Correcções de Jonathan Franzen; (por menos de dez euros)
- Gente Independente de Halldór Laxness; (entra na categoria Islândia)
- Papéis Inesperados de Júlio Cortázar; (tinha de ser; já se sabe porquê. Nem que para ouvir um pouco mais sobre esse grande filósofo do quotidiano sob forma de gato, Teodoro W. Adorno)
- Água, Cão, Cavalo, Cabeça de Gonçalo M. Tavares; (pelas coisas que a vida nos foi ensinando)
- Um Tratado Sobre os Nossos Actuais Descontentamentos de Tony Judt; (recomendado à mesa, ao sabor do Douro e do Branco)
- O Marinheiro que Perdeu as Graças do Mar de Yukio Mishima; (ver seppuku)
- A Educação na Finlândia: segredos de um sucesso de Paul Robert; (para cumprir com o dever anual de financiamento da Afrontamento)
Ide, ide... Agradecem-me depois.
- Correcções de Jonathan Franzen; (por menos de dez euros)
- Gente Independente de Halldór Laxness; (entra na categoria Islândia)
- Papéis Inesperados de Júlio Cortázar; (tinha de ser; já se sabe porquê. Nem que para ouvir um pouco mais sobre esse grande filósofo do quotidiano sob forma de gato, Teodoro W. Adorno)
- Água, Cão, Cavalo, Cabeça de Gonçalo M. Tavares; (pelas coisas que a vida nos foi ensinando)
- Um Tratado Sobre os Nossos Actuais Descontentamentos de Tony Judt; (recomendado à mesa, ao sabor do Douro e do Branco)
- O Marinheiro que Perdeu as Graças do Mar de Yukio Mishima; (ver seppuku)
- A Educação na Finlândia: segredos de um sucesso de Paul Robert; (para cumprir com o dever anual de financiamento da Afrontamento)
Ide, ide... Agradecem-me depois.
2011-06-06
O meu até está ali na estante mas está em inglês; estou a vê-lo daqui e tudo
"And then, three or four years ago, something changed. For some reason I can’t recall (probably a longish lapse in productivity on my thesis) I set myself the task of reading a Great Big Important Novel. For another reason I can’t recall (probably the fact that it had been sitting on a shelf for years, its pages turning the sullen yellow of neglected great books), I settled on Gravity’s Rainbow. I can’t say that I enjoyed every minute of it, or even that I enjoyed all that much of it at all, but I can say that by the time I got to the end of it I was glad to have read it. Not just glad that I had finally finished it, but that I had started it and seen it through. I felt as though I had been through something major, as though I had not merely experienced something but done something, and that the doing and the experiencing were inseparable in the way that is peculiar to the act of reading. And I’ve had that same feeling, I realize, with almost every very long novel I’ve read before or since."
2011-06-05
2011-06-01
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- Devo andar a ver demasiados filmes da Sofia Coppol...
- 'Deliciano' Lopez
- Pai (Eddie Jordan), Filho (David Coulthard) e Espí...
- I must be fine, 'cause my heart's still beating.
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- "Norwegian Wood" - Anh Hung Tran (2010)
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