o meu clube faz anos. - por Pedro Ribeiro
2011-02-28
A luisfreitaslobização da análise futebolística portuguesa
A partir de que momento é que, no futebol, deixou de existir o contra-ataque para passarem a haver transições? Quando é que o bom velho trinco (idealizado na pessoa de Paulo Sousa) deixou de ser trinco e passou a ser pivot? Jogar entre linhas é um conceito inventado no século XXI?
A partir do momento em que um Domingos Paciência ou um Rui Santos adoptam estes conceitos como vocabulário comum podemos dizer que sim, que Luís Freitas Lobo "luisfreitaslobizou" a análise no futebol português. E isso não pode ser mau.
Nota 1: ...se tivermos em conta que antes tínhamos gabriéis alves e jorges baptistas (que sempre nos avisaram de tudo o que aí vinha).
Al-Jazeera Express #4
E não podemos falar de influências egípcias (ou 'egícias') sem falar da maior delas todas:
Logo eu que fui muito feliz enquanto jovem adulto cabeludo babadamente encostado a uma das paredes do anteriormente Hard Club de Gaia, agora futuro-restaurante, no seu carinhoso headbanging consigo próprio. Eu que acho que os Nile são a banda de death metal mais intelectual do mundo (quase que é preciso tirar um doutoramento para, em simultâneo, compreender cada solo de guitarra do Dallas Toler-Wade enquanto acompanhamos a liturgia do papiro vertida nos seus grunhidos líricos; e não falamos dos Opeth porque os Opeth são a banda óculo-de-massa-calça-boca-de-sino do death metal).
E segue daqui um grande abraço ao grande Karl Sanders (gajo guitarrista obeso que quase tem um honoris causa em mitologia egípcia) e ao grande Dallas Toler-Wade (gajo guitarrista que perde o cabelo a meio da música).
2011-02-27
"Cold Fever" - Friðrik Þór Friðriksson (1995)
"A Japanese businessman travels to Iceland and has a series of misadventures while venturing to a remote area to perform a traditional burial ritual where his parents died several years back."
...é a achega que nos dá o IMDB sobre este filme do mais importante realizador islandês. É sempre bom regressar (ainda que pela recordação): glaciares, rios e vulcões; o Flybus de Keflavík a Reykjavík, a Blue Lagoon, os hostels perdidos no meio de nenhures; as ovelhas, as tempestades de neve, os cachorros nas estações de serviço, o Brennivir. 'How do you like Iceland'?
Agora vou só aqui adormecer a ouvir o novo álbum da Ólöf Arnalds.
2011-02-25
Prémio "Dona Helena, está-me a ouvir?... Dona Helena?"
A Assembleia da República aprovou hoje, sob proposta do CDS, um diploma que prevê a "verificação da actualidade da inscrição dos eleitores com mais de 105 anos".
2011-02-21
À atenção dos senhores telespectadores
Richard Berankis vs Juan Martin Del Potro na 1ª ronda do ATP de Delray Beach. E já cá temos Sport TV em HD novamente.
2011-02-20
2011-02-17
2011-02-15
2011-02-14
2011-02-13
Sobre o Ténis (3): as apostas para 2011
Este ano vou ser mais modesto nas minhas previsões e, às apostas que fiz no ano passado (e que entretanto já analisei aqui), vou acrescentar mais alguns nomes a ter em conta para os próximos dois anos de ténis.
Ernest Gulbis
Gosto sempre de chamar a atenção para jogadores que ocupam posições mais baixas do que o seu real valor faria pressupor. Este ano, e para a segunda metade de 2011, destaco já a ascenção de Juan Martin Del Potro ao top 10, caso a lesão no pulso não o faça perder a carreira. E se Del Potro voltar a 100%, facilmente entrará no top 5 onde apenas terá a concorrência dos actuais quatro incontestáveis do circuito ATP (Nadal, Federer, Djokovic e Murray). Gajo preferido por aliar um background familiar sui-generis (palavra que deve vir do latim) a um feitio interessante (ide ver, ide ver):
- Ernest Gulbis (22 anos), n.º 21 ATP.
Restantes profissionais do ténis para atacar o top 20, sob a forma de armada holandesa:
- Thiemo de Bakker (22 anos), n.º 50 ATP;
- Robin Haase (23 anos), n.º 55 ATP.
E "jovens promessas":
- Yuki Bhambri (18 anos), n.º 516 ATP e ex-n.º 2 júnior;
- Filip Krajinovic (18 anos), n.º 223 ATP.
Al-Jazeera Express #3 (ou "Um comentário anti-imperialista")
Emillio Morenatti/AP (The Guardian)
«(...) Talvez venha aí a democracia. E seria uma lição extraordinária. Uma lição, antes de mais, para os que sempre encontram nas culturas alheias a incapacidade de viver em liberdade. Enganam-se, como deviam saber. Todos os povos têm uma sede natural de liberdade. Uma lição para os que acreditaram que a democracia só podia nascer como ato civilizador do Ocidente. À bomba, se preciso fosse. Como se a liberdade não tivesse de ser sempre uma conquista.
Todos se lembram da teoria do dominó. A intervenção militar no Iraque faria nascer ali uma democracia. E a partir daquele exemplo os vizinhos, maravilhados com tamanho feito, se converteriam à democracia entregue a casa e fabricada em gabinetes de Washington. (...) Sabemos que nada disso aconteceu. Apenas morte e ódio. A conclusão seguinte foi a única que estava à mão: aqueles povos não foram feitos para a liberdade.
Pois o efeito dominó aconteceu. Não a partir do Iraque. Começou na Tunísia. Da única forma que pode começar. Pelas mão do seu próprio povo. E alastrou para o Egito, para a Argélia, para a Jordânia, para o Iémen. Não foi graças à intervenção de nenhum libertador externo. Pelo contrário, foi contra os seus aliados de sempre. (...) E são atacados pelos socialistas, os mesmos que tinham, na sua Internacional, a companhia de Mubarak e Ben Ali. Enquanto os egípcios se libertam do ditador, arriscando a sua vida, a Europa e os EUA envergonham-se da sua própria hipocrisia.
Todos os povos, mais tarde ou mais cedo, procuram a liberdade. E só a essa, conquistada por si e sem tutores, dão realmente valor. A praça Tahrir serve de lição. Não apenas aos que sofrem a opressão de outras ditaduras - de Havana a Teerão -, mas aos que julgam que a democracia se exporta à bomba, contra a vontade dos que devem construir.»
O texto do Daniel Oliveira está muito bem escrito e toca num ponto que, não sendo o mais óbvio desta revolução, é um dos mais importantes: o facto do Egipto, e também a Tunísia, servirem de exemplo de libertação de um país governado de forma totalitária. Sem violência, sem militarismos cegos e sem pressões internacionais óbvias, os egípcios fizeram uma revolução que é só sua; feita pelas suas mãos e pelos seus meios, com os seus heróis. Aliás, a haver pressão internacional, esta teria sido no sentido do apoio ao regime de Hosny Mubarak que muito útil era às políticas concertadas entre EUA-Israel, para a região. Com o suor e a determinação próprios de uma população que se cansou de ser esmagada na sua dignidade, os activistas pró-democracia (inicialmente, os jovens das camadas mais urbanas) foram sensibilizando e alastrando as suas motivações aos diferentes sectores da sociedade, acolhendo-os no seu movimento até conseguirem o amplo apoio que lhes permitiu, ao fim de 18 dias, o derrube de Mubarak. Uma persistência tal que obrigou as próprias Forças Armadas, afectas ao regime, a colocarem-se do lado das suas reivindicações.
Quero aqui destacar alguns pontos:
- Esta revolução pode servir de contraponto a outras lutas à maneira americana, "for freedom and democracy" (o chamado 'imperialismo'): atente-se aos casos Iraque e Afeganistão (entretanto desmascarados e infinitamente prolongados). Com as devidas distâncias para com os referidos casos, como refere o Daniel Oliveira o Egipto transformou-se a partir de dentro, pela vontade colectiva e mobilização da sua própria população ("povo" é uma expressão que enjoa), e não por intervenção militar estrangeira. A mudança fez-se primeiro enraizar nalguns sectores das classes mais educadas, alastrando depois às restantes classes sociais. Sem milhares de mortos, famílias desalojadas, resistência ao "invasor". Tentemos por momentos imaginar o que teria sido um 25 de Abril imposto a partir de fora...
- Esta revolução deu-me nojo. Deu-me nojo ver a Suíça congelar todos os bens do ditador Mubarak, no dia em que este é derrubado. Deu-me nojo verificar que só passados 30 anos de denúncias, os líderes mundiais tenham prestado atenção ao que acontecia no Egipto. Vemos agora o mundo inteiro solidarizar-se com os milhões de egípcios que, durante anos, foram ignorados e viram o seu ditador ser recebido com honras de estado por grandes "estadistas" como Tony Blair, agora com as mãos manchadas de sangue.
E como Blair teve o seu grande amigo Mubarak (talvez agora já só seja ex-amigo), também Sócrates tem o seu personal dictator. Chama-se Muammar Kadafi e é o "proprietário" de um país chamado Líbia. O que aconteceu no Egipto podia ter acontecido na Líbia e mal podemos imaginar quais serão as desculpas que Sócrates apresentará no dia em que Kadafi for enxotado do seu trono imperial. A grande diferença entre os grandes estadistas e aqueles não o são, é também a forma como se batem pelos seus princípios e pela capacidade de se revoltarem contra os que atentam aos direitos humanos. E neste caso, o princípio da decência (expressão brilhante usada pelo Pedro Mexia) é algo que não existe na postura internacional do Governo Português. Porque quem cala consente. (curioso, o facto de ao fim de algumas décadas, a Internacional Socialista ter-se decidido pela expulsão dos partidos de Mubarak e Ben Ali, apenas uns dias depois ao seu derrube)
- Há cerca de um ano atrás, Manuel Maria Carrilho era demitido do cargo de representante permanente de Portugal na UNESCO. Meses antes havia recusado obedecer à indicação de voto do Governo Sócrates para uma eleição do mais importante cargo diplomático na UNESCO. Essa indicação de voto era para votar num diplomata egípcio ligado ao regime e conhecido, entre outras coisas, por ter defendido a queima de milhares de livros israelitas em arquivo nas bibliotecas egípcias. Foi, assim, o primeiro a não pactuar com a hipocrisia ocidental e com esta peculiar forma de liberdade do regime Mubarak.
E como Blair teve o seu grande amigo Mubarak (talvez agora já só seja ex-amigo), também Sócrates tem o seu personal dictator. Chama-se Muammar Kadafi e é o "proprietário" de um país chamado Líbia. O que aconteceu no Egipto podia ter acontecido na Líbia e mal podemos imaginar quais serão as desculpas que Sócrates apresentará no dia em que Kadafi for enxotado do seu trono imperial. A grande diferença entre os grandes estadistas e aqueles não o são, é também a forma como se batem pelos seus princípios e pela capacidade de se revoltarem contra os que atentam aos direitos humanos. E neste caso, o princípio da decência (expressão brilhante usada pelo Pedro Mexia) é algo que não existe na postura internacional do Governo Português. Porque quem cala consente. (curioso, o facto de ao fim de algumas décadas, a Internacional Socialista ter-se decidido pela expulsão dos partidos de Mubarak e Ben Ali, apenas uns dias depois ao seu derrube)
- Há cerca de um ano atrás, Manuel Maria Carrilho era demitido do cargo de representante permanente de Portugal na UNESCO. Meses antes havia recusado obedecer à indicação de voto do Governo Sócrates para uma eleição do mais importante cargo diplomático na UNESCO. Essa indicação de voto era para votar num diplomata egípcio ligado ao regime e conhecido, entre outras coisas, por ter defendido a queima de milhares de livros israelitas em arquivo nas bibliotecas egípcias. Foi, assim, o primeiro a não pactuar com a hipocrisia ocidental e com esta peculiar forma de liberdade do regime Mubarak.
- O Exército egípcio prometeu já "a transição pacífica para um poder civil eleito". A cumprir-se, é o primeiro sinal positivo após a revolução.
- A afirmação da Al-Jazeera como mais importante meio de comunicação social no Médio Oriente. Por estes dias, ver a Al-Jazeera era estar no centro dos acontecimentos, estar lá na Praça Tahrir, onde mais nenhuma estação chegou. Longe vão os tempos em que a estação qatari era militantemente acusada pelos media americanos de ser a estação de propaganda da Al-Qaeda. É bom poder ver, finalmente, especialistas em Médio Oriente que são efectivamente do Médio Oriente.
- Depois da Tunísia e do Egipto, a dinâmica contestatária estendeu-se já ao Iémen e à Argélia, onde os manifestantes começaram já a ser reprimidos pelas forças policiais. A coragem também contagia e dá o exemplo.
- Israel foi o único país a levantar reservas a uma possível mudança de regime, "esperando" sempre que "o novo regime não venha a afectar as relações com Jerusalém". Postura inteligente, não vá um Egipto democrático reconhecer o direito à existência do estado palestiniano e levantar as restrições acordadas com o governo israelita com o intuito de manter na miséria toda a Faixa de Gaza.
Se quiserem saber mais sobre o assunto, podem sempre ver aqui o Jorge Goulão, ainda as manifestações iam no seu início. Ou o Jorge Almeida Fernandes, no Público, com a análise ao pós-revolução e falando do "primeiro processo significativo de auto-determinação da cidadania árabe". Uma coisa é certa, esta revolução condenou já todos os partidos a considerarem apenas uma opção de futuro: um regime democrático. Quer ele aconteça, quer não.
«(...) Wael Ghonim, antes de twitar: “Bom dia Egipto! Senti a tua falta nos últimos 30 anos!”»
2011-02-12
"Ah este é que é o Capitão Dias de Almeida? Então já podemos conversar.": Um país de brandos costumes (ou o equivalente militar da típica cena de porrada que termina aos abraços e a beber uns finos)
11 de Março de 1975
Afastado da Presidência da República e insatisfeito pela controlo do país pelos militares de inspiração na esquerda mais radical, o General António de Spínola lança a famosa "intentona": tentativa de contra-golpe militar ao ordenar o bombardeamento do RAL-1, controlado pelas tropas do COPCON (de Otelo Saraiva de Carvalho). O que se segue é aquele que pode ser considerado um dos melhores momentos de humor involuntário da história da jovem democracia portuguesa.
Um dia atípico onde pudemos encontrar todos os elementos que caracterizam o clima de guerra à portuguesa:
- o pânico entre os populares, a participação revolucionária do estendal da roupa e o sempre apreciado número da mãe em pânico. (04:40 a 05:14)
- o sargento da COPCON a ensaiar um sketch piloto dos Gato Fedorento : "Ó pá... Eu em breves palavras, pá... se quer que lhe diga as origens disto... não sei. O comandante dos páras, pá... segundo o gajo me disse a mim, pá..." (05:20)
- o gajo que aparece sempre a estragar a porrada: "A falar é que as pessoas se entendem. Deve ter havido um engano qualquer, concerteza." (06:13)
- a frase que serve para chegarmos à conclusão que somos todos amigos e que já podemos ir beber uns finos: "Fomos todos enganados por um gajo que é reaccionário." (06:55)
- e a indignação do nosso Ricardo Araújo Pereira do PREC: "Eu estava na minha secretária sentadinho a fazer as escalas quando ao lado da minha janela rebentou uma bomba de T6. É isso é que eu sei, pá!" (07:40)
...e vai tudo para os copos, pá. O resto, vejam porque é tudo muito "alimento da alma", tudo muito "camaradas" e "n'A Luta e pl'A Luta".
De resto, satisfaz-me poder dizer que foi esta boa maneira de ser português dos nossos militares que fez da "intentona" do 11 de Março aquilo que ela acabou por ser: uma disparatada e deficiente tentativa de golpe militar. Isto permitiu que um mês e meio depois se realizassem as primeiras eleições livres em Portugal: O 25 de Abril de 1975.
Al-Jazeera Express #2
21h09: “Isto é incrível. Nunca vi nada assim. Nem no 25 de Abril”, diz-nos o nosso enviado Paulo Moura, no Cairo, antes da chamada cair.
2011-02-10
Al-Jazeera Express
Por agora, vê-se a História a ser feita aqui. Eu, que até tenho muita coisa a dizer sobre o assunto, recomendo-vos que vejam. Vejam, vejam; da última vez que espreite, o "Poder" já ia no recente chefe dos Serviços Secretos.
Já não via tanta Al-Jazeera desde os tempos de Toxicologia II.
2011-02-06
2011-02-04
2011-02-02
MMXI #2 (não há quem diga que não é lindo)
Of the team’s two drivers, it was Schumacher who struggled the most with their 2010 car, scoring just 72 of the team’s 214 points. The German, however, is optimistic about his targets for the season ahead.
“Finally the waiting is over and things get started,” he said. "Even if I have been involved and updated all winter on the developments, and even if I know the improvements are significant, it is still different to see the new car literally for the first time in front of you.
"You automatically build up this nice pre-start tension. I very much look forward to the new season. We have said it several times already but again, we are really to building up something big together. I am very confident that this season we will be standing on the podium much more regularly; ideally in the middle!”
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- As animações deste gajo são uma das melhores coisi...
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