11 de Março de 1975
Afastado da Presidência da República e insatisfeito pela controlo do país pelos militares de inspiração na esquerda mais radical, o General António de Spínola lança a famosa "intentona": tentativa de contra-golpe militar ao ordenar o bombardeamento do RAL-1, controlado pelas tropas do COPCON (de Otelo Saraiva de Carvalho). O que se segue é aquele que pode ser considerado um dos melhores momentos de humor involuntário da história da jovem democracia portuguesa.
Um dia atípico onde pudemos encontrar todos os elementos que caracterizam o clima de guerra à portuguesa:
- o pânico entre os populares, a participação revolucionária do estendal da roupa e o sempre apreciado número da mãe em pânico. (04:40 a 05:14)
- o sargento da COPCON a ensaiar um sketch piloto dos Gato Fedorento : "Ó pá... Eu em breves palavras, pá... se quer que lhe diga as origens disto... não sei. O comandante dos páras, pá... segundo o gajo me disse a mim, pá..." (05:20)
- o gajo que aparece sempre a estragar a porrada: "A falar é que as pessoas se entendem. Deve ter havido um engano qualquer, concerteza." (06:13)
- a frase que serve para chegarmos à conclusão que somos todos amigos e que já podemos ir beber uns finos: "Fomos todos enganados por um gajo que é reaccionário." (06:55)
- e a indignação do nosso Ricardo Araújo Pereira do PREC: "Eu estava na minha secretária sentadinho a fazer as escalas quando ao lado da minha janela rebentou uma bomba de T6. É isso é que eu sei, pá!" (07:40)
...e vai tudo para os copos, pá. O resto, vejam porque é tudo muito "alimento da alma", tudo muito "camaradas" e "n'A Luta e pl'A Luta".
De resto, satisfaz-me poder dizer que foi esta boa maneira de ser português dos nossos militares que fez da "intentona" do 11 de Março aquilo que ela acabou por ser: uma disparatada e deficiente tentativa de golpe militar. Isto permitiu que um mês e meio depois se realizassem as primeiras eleições livres em Portugal: O 25 de Abril de 1975.
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