2010-12-31

Tesourinhos que pr'aqui tinha guardados

"Sebastian Vettel foi aconselhado pela Red Bull a abandonar o Grande Prémio de Espanha. Em causa estavam problemas de travões identificados no monolugar do piloto a sensivelmente 15 voltas do final da corrida de Barcelona, o que fez com que perdesse algum tempo.
"A equipa disse-me para abandonar, pois era arriscado prosseguir, mas questionei-os se era mesmo necessário parar ou se podia guiar com muitas cautelas, de modo a assegurar os pontos. Como não houve resposta, continuei. Arrisquei mas valeu a pena!", referiu Vettel.
Ao manter-se em pista, o piloto acabou por arriscar um acidente. Mas, no fim, conseguiu colher os frutos do risco, obtendo o 3.º lugar na prova espanhola, o que faz com que conserve o 3.º lugar (60 pontos) no campeonato, a apenas 10 do líder Jenson Button."
Record, 12 de Maio de 2010

Livro #12


Introdução à Ciência Política - teorias métodos e temáticas
de António José Fernandes

2010-12-30

Livro #11


"And it is this, I think, that makes Kafka's wit inaccessible to children whom our culture has trained to see jokes as entertainment and entertainment as reassurance. It's not that students don't "get" Kafka's humor but that we've taught them to see humor as something you get - the same way we've taught them that a self is something you just have. No wonder they cannot appreciate the really central Kafka joke: that the horrific struggle to establish a human self results in a self whose humanity is inseparable from that horrific struggle. That our endless and impossible journey toward home is in fact our home. It's hard to put into words, up at the blackboard, believe me. You can tell them that maybe it's good they don't "get" Kafka. You can ask them to imagine his stories as all about a kind of door. To envision us approaching and pounding, not just wanting admission but needing it; we don't know what it is but we can feel it, this total desperation to enter, pounding and ramming and kicking. That, finally, the door opens...and it opens outward - we've been inside what we wanted all along. Das ist komisch."

(claro que cheio de footnotes maiores que o próprio parágrafo, mas que não vou aqui transcrever)

"Toy Story 3" - Lee Unkrich (2010)


Pois bem. Nem é o hino à mediocridade que a maioria das sequelas costuma ser, nem é o "clássico" ou o "melhor filme do ano" que muitos defendem. Diverte, entretém e traz boa disposição com qualidade, nada mais. Uma bela homenagem à memória de um filme que marcou uma geração. (eu disse "marcou uma geração? Enojo-me a mim próprio...)

2010-12-20

"Man on the Moon" - Milos Forman (1999) II


...ou a infeliz coincidência de nos pôr a gostar de música de que não gostávamos mesmo nada.

"Man on the Moon" - Milos Forman (1999)

O elogio de Andy Kaufman e a ascenção de Jim Carrey ao Olimpo da representação.

2010-12-16

Novos solteiros



Alguém está a tentar dizer-me alguma coisa.

(roubado daqui)

2010-12-12

E no fundo, o essencial resume-se a isto


 E agora tenho um jogo para ganhar. saludos

2010-12-08

"Screaming Masterpiece" - Ari Alexander Ergis Magnússon (2005)



A cena musical islandesa em documentário, numa revisitação de Rokk í Reykjavík, o clássico de 1982.

Livro #10 (II)


Intrinsecamente um idiota

"E depois? Posso passar uma noite a beber com um assassino e talvez, ao contemplarmos os dois a aurora, nos ponhamos a cantar ou a trautear uma peça de Beethoven. E depois? O assassino pode chorar até no meu ombro. Normal. Ser assassino não é fácil. Nós sabemos isso bem, o senhor e eu. Não é nada fácil. Exige pureza e vontade, vontade e pureza. A pureza do cristal e uma vontade de ferro. E até posso eu pôr-me a chorar no ombro do assassino e sussurrar-lhe palaras doces como «irmão», «camarada», «companheiro de infortúnios». Nesse momento, o assassino é bom, dado que é intrinsecamente bom, e eu sou um idiota, dado que sou intrinsecamente um idiota, e ambos somos sentimentais, dado que a nossa cultura tende irreprimivelmente para a sentimentalidade. Mas quando a obra se acaba e eu estou sozinho, o assassino abrirá a janela do meu quarto e entrará com os seus passinhos de enfermeiro e degolar-me-á até que não reste uma gota do meu sangue."

Livro #10


O excerto de Amalfitano com o farmacêutico adolescente

"A menção a Trakl fez com que Amalfitano pensasse, enquanto dava uma aula de forma totalmente automática, numa farmácia que ficava perto de sua casa em Barcelona e aonde costumava ir sempre que precisava de algum remédio para Rosa. Um dos empregados era um farmacêutico quase adolescente, extremamente magro e de óculos grandes que à noite, quando a farmácia estava de turno, lia sempre um livro. Uma noite, Amalfitano perguntou-lhe, para dizer alguma coisa enquanto o jovem procurava nas prateleiras, de que livros gostava ele e que livro era aquele que estava a ler naquele momento. O farmacêutico respondeu-lhe, sem se virar, que gostava dos livros tipo A Metamorfose, Bartleby, Um Coração Simples, Um Conto de Natal. E depois disse-lhe que estava a ler Boneca de Luxo, de Capote. Pondo de lado que Um Coração Simples e Um Conto de Natal eram, como o nome deste último indicava, contos e não livros, mostrava-se revelador o gosto deste jovem farmacêutico ilustrado, que talvez noutra vida tenha sido Trakl, ou que talvez nesta ainda lhe estivesse reservado escrever poemas tão desesperados como o seu distante colega austríaco, que preferia claramente, sem discussão, a obra menor à obra maior. Escolhia A Metamorfose, em vez de O Processo, escolhia Bartleby em vez de Moby Dick, escolhia Um Coração Simples em vez de Bouvard e Pécuchet, e Um Conto de Natal em vez de Um Conto de Duas Cidades ou de As Aventuras Extraordinárias do Sr. Pickwick. Que triste paradoxo, pensou Amalfitano. Já nem os farmacêuticos ilustrados se atrevem com as grandes obras, imperfeitas, torrenciais, as que abrem caminho no desconhecido. Escolhem os exercícios perfeitos dos grandes mestres. Ou, o que é a mesma coisa, querem ver os grandes mestres em sessões de treino de esgrima, mas nada querem saber dos combates a sério, nos quais os grandes mestres lutam contra aquilo, esse aquilo que nos atemoriza a todos, esse aquilo que nos acobarda e verga, e há sangue, feridas mortais e fetidez."

Então o que é que eu tenho que fazer?

"(...) Sobre a morte, o que eu acho que é relevante é a pessoa ter consciência - não é só uma ideia abstracta - de que vai morrer. Depois, a ideia seguinte é: «Por enquanto estou vivo». Isso muda tudo. Por enquanto estou vivo; então o que é que eu tenho que fazer?"
Gonçalo M. Tavares à LER

2010-12-06

"the savage cuts are not inevitable, they are an ideological choice"


no TV.Esquerda.Net

 Um post que é uma posição política da pessoa que aqui escreve e que acredita que "coragem" não é pedir sacrifícios a quem ganha 500€, mas pedir "sacrifícios" a quem "tem" uma "residência" no Mónaco ou nas Ilhas Caimão. E por aí fora iria se tivesse de falar sobre a antecipação do pagamento de dividendos da PT e sobre o triste filme que sobre o principal partido de Esquerda português se abateu.
 (Aviso: este blog não é sensível ao argumento "as empresas deslocalizar-se-iam para fora do país" ou "as empresas perderiam competitividade no mercado  e isso seria negativo para a economia" porque, como diz o Pedro Marques Lopes - insuspeito homem de direita - empresas que percam competitividade por pagarem mais 25 euros mensais aos seus trabalhadores, não são assim tão economicamente viáveis quanto isso)

 Ou ponham os olhos na Islândia, como nos diz o Rui Tavares. A Islândia, um dos países que havia importado o modelo norte-americano de progressiva desregulação do mercado financeiro até ao infinito, recupera agora da explosão da maior bolha especulativa de que há memória na Europa: os seus bancos, com dez vezes o tamanho da economia do país, levaram a uma sociedade inteira à bancarrota.
 Hoje, recuperam com uma política de esquerda - o Governo é uma aliança entre o principal partido do centro-esquerda e partidos da aliança verde-vermelha, da esquerda radical; uma das palavras de ordem é "natural resources owned by the public" e a recém-formada Assembleia Constitucional (composta por um grupo de cidadãos eleitos e não-filiados em partidos) prepara-se para reescrever a constituição para impedir que o desastre financeiro volte a acontecer.



Open publication - Free publishing - More grapevine

Tudo isto não passa sem vos deixar aqui uma das edições geniais da The Reykjavík Grapevine, provavelmente a melhor revista do mundo. Aqui, na capa, uma entrevista com o líder do "bloco de esquerda islandês" e actual Ministro das Finanças do Governo de coligação, Steingrímur J. Sigfússon, líder do Vinstri Hreyfingin - grænt framboð (Partido da Esquerda Verde). A limpar o que os outros deixaram, literalmente, e uma entrevista cuja leitura recomendo vivamente.

2010-12-05

"A vingança da indústria dos seguros contra Michael Moore"

 Em 2007, Michael Moore - realizador galardoado com o Óscar de Melhor Documentário por Bowling for Columbine e vencedor da Palma de Ouro em Cannes por Farenheit 9/11 - realizou Sicko, documentário em que denunciava os comportamentos ilegais e muito pouco éticos (digamos assim) das companhias norte-americanas de seguros de saúde. Wendel Potter, agora ex-porta voz de uma dessas grandes companhias, vem agora contar a estratégia de manipulação preparada para responder à película e que, entre outras coisas, envolveu a criação de uma falsa associação de doentes que, surpreendentemente, conseguiu ter voz nos media e o pagamento de milhões de dólares em lobbying.

Aqui.

O equivalente a um charro mental (quase tão grande como ver o "24 Hour Party People" pela primeira vez)

Redefinindo o conceito de 'tarde-de-domingo'. Ler o Inherent Vice enquanto toca a Radio Io - "early rock & roll from its 50's birth through the 60's"; os Birds, os Marketts, os Beatles, Stevie Wonder, Sly and Family Stone...

2010-12-04

O gajo dos Perfume e a Esquerda revolucionária



 Eu bem avisei que este tipo de coisas - os "Amália Hoje" - eram perigosas.

Arquivo do blog