2010-07-18

Will it blend?

o meu novo entretenimento favorito:



é que vai mesmo tudo. E quando digo tudo, é mesmo tudo.
Gosto particularmente do nosso anfitrião - o bom velho Tom Dickson - por variadíssimos motivos:
1-  a calma que mantém enquanto segura com a mão um electrodoméstico onde ocorrem variadíssimos cataclismos equivalentes a 0,2 Big Bangs;
2- a alegria e a paixão com que faz a simples tarefa que lhe é atribuída;
3- a piada conclusiva da transformação de um belíssimo iPhone num singelo monte de partículas de tamanho nanométrico, e que muitas vezes não passa de uma retórica pergunta sobre se deverá colocar os restos do defunto no eBay.

Gosto.

Edit 1: «What happens when you put magnets in a Blendtec blender? Will it reverse the earth's polarity? Will it create a black hole? Will It Blend? We just couldn't leave these questions unanswered.»

No metro...

Travessia Trindade-Casa da Música: jovem visualmente bem disposta, morena, sem óculos escuros, carrega livro. O número de páginas é claramente superior a trezentas: palpitações, suores frios, projecções de futuro a dois e longas discussões sobre o infra-realismo ou os desvarios da meta-ficção norte-americana.

Um pequeno movimento de corpo permite ver que o nome do autor começa pela letra 'N'. Depois, que esse nome é 'Nicholas'. Por fim, a confirmação do fim de uma relação que nunca havia chegado sequer a principiar; as duas letras que compõem o início do apelido são o 'S' e o 'P'. Não consegui olhar mais.

A Volta à França

(a subida ao Tourmalet) 
Hoje começam os Pirinéus. Não há melhor declaração de"Ficar-em-Casa" do que isto.

Mandamento do Mês

Vale a pena ler a última edição da crónica do Pedro Mexia na LER ("Biblioteca Fútil") deste mês.

'Hopscotch' is the English translation for 'Rayuela'

« Which five books have marked your life?

 RB: In reality the five books are more like 5,000. I'll mention these only as the tip of the spear: Don Quixote by Cervantes, Moby Dick by Melville, the complete workd of Borges, Hopscotch by Cortázar, A Confederacy of Dunces by Toole. I should also cite Nadja by Breton, and the letters of Jacques Vaché. Anything Ubu by Jarry. Life: A User's Manual by Perec. The Castle and The Trial by Kafka. Aphorisms by Lichtenberg. The Tractatus by Wittgenstein. The Invention of Morel by Bioy Casares. The Satyricon by Petronius. The History of Rome by Tito Lívio. Pensées by Pascal.»

"Heima" - Sigur Ros (2007)

2010-07-11

Livro #8

«Considera-se um marginal?
Eu não me considero coisíssima nenhuma. Eu considero-me um gajo que está aqui sentado.(...)
(...)
Qual é, hoje, o seu maior prazer?
É o arroz de pato, uma vez por mês, mais ou menos. E bem feito! (...)
(...) 
 A televisão está a matar a literatura?
 (...) E depois com as boquinhas de peido da Catarina Furtado, são palhaços! E as gargalhadas dão-me cabo da cabeça. Riem-se de nada, então naqueles filmes que têm gargalhadas por detrás, supõem que rimos por eco. Isto é que dá cabo da literatura? Nunca!
Mensagem para as novas gerações?
Puta que os pariu!»

 Livro que, na contracapa, conta com a seguinte citação:
«Está para sair um livro com entrevistas suas...
Esse livro é uma merda! Isso é uma aldrabice. É bom para andar por essas pequenas editoras.»

Jökulsárlón

 

"Saraband" - Ingmar Bergman (2003)

«O ecrã fundo em negro. O filme acabou.
4. Eu não consigo acabar sem vos fazer uma pergunta. Alguma vez pensaram que o grande plano é a única figura da gramática do cinema que só no cinema existe e que não é concebível em qualquer outra arte? Pintores pintaram grandes planos, mas o quadro impede-nos de os ver como tal, a não ser que encostemos a cara à tela, em movimento nosso e não da pintura. Não é maneira de a ver, não é movimento suposto ao espectador.
Mas a câmara pode o que o nosso olhar não pode. E a câmara de Bergman pode mais que qualquer outra câmara, mesmo a de Griffith. Neste filme, vai ainda mais longe. Ao acercar-se mais e mais dos quatro rostos e das quatro vozes, para além dos corpos, dá-nos a ver almas. Impossível? Não para esse génio de todos os possíveis, chamado Ingmar Bergman.»
21-1-2005, por João Bénard da Costa 
(ou ainda por Eduardo Prado Coelho)

E eu acrescento que Saraband é um dos filmes mais "simples" e mais "belos" que já tive oportunidade de ver. O trabalho de actriz de Liv Ullman nos grandes planos captados por Ingmar Bergman comove de tão sublime.
Acaba o filme e queremos imediatamente as sonatas de Bach, o pó dos livros, o ruído da madeira a ranger, a vista sobre o lago em Orsa, por entre os bosques... E nós agradecemos. Nós, agradecemos.

2010-07-10

2010-07-06

2010-07-03

O meu Mundial acaba aqui

 A derrota da Argentina por 4 a 0 dá por terminado o estado de romantismo futebolo-utópico a que me entreguei desde o primeiro minuto daquele Uruguai-França. A crença de que a mais bonita das histórias se faz com jogadores que correm e driblam com o coração acaba afundada por uma Alemanha que joga muito à bola mas que deveria ter sido vencida no último dos minutos, pelo ultimate dos jogadores: Leonel Messi.
 Portugal, Argentina, Grécia, Uruguai e Chile eram as equipas pelas quais torcia, mas nada haveria de mais bonito do que ver o livro dos futebóis escrito por Maradona a levantar o troféu 24 anos depois. 

Não se fez poesia.

Dito isto, agora quero um Holanda-Espanha na final para que seja um grande espectáculo de técnica, e que ganhe a Holanda para que seja finalmente reposta a Ordem no Universo. (estado que deveria ser assegurado por Son Goku e seus amigos, mas que incompreensivelmente ainda deixam Cruyff à espera)

"Capitalism: a love story" - Michael Moore (2009)


Desta vez não passa de um documentário inócuo e feito apressadamente para aproveitar a onda da "Crise". Inócuo quando comparado ao Sicko ou Bowling for Columbine.

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