2011-10-22

Stargásmico

Em alta rotação:

Coisas que estão mal (II)

Milos Raonic - o homem com as pernas de um cavalo - perdeu em três sets com o Monfils e, em vez de uma final Raonic-Del Potro, acabamos por ter um aborrecidíssimo Monfils-Nieminen na final. O ténis desta semana: todo ele um grande bocejo.

2011-10-20

Coisas que estão mal

O James Blake ganhou ao Del Potro por 6-4 6-4 naquele que ia ser o torneio com a primeira final Raonic-Del Potro, do ano. Em Estocolmo, Suécia.

2011-10-18

"Det Sjunde Inseglet" - Ingmar Bergman (1957)

O Sétimo Selo (The Seventh Seal) - filme de 1957 - é não só a mais mediática das obras de Ingmar Bergman, como também é considerada a sua obra prima. Vencedor do Prémio Especial do Júri de Cannes no mesmo ano, conta a história de um cavaleiro que, regressado das cruzadas, tenta desvendar os mistérios da fé enquanto joga uma partida de xadrez com a Morte.

O filme tornou-se de tal forma popular que qualquer pessoa terá visto uma qualquer referência à cena inicial do filme em que o cavaleiro tenta ganhar tempo de vida desafiando a Morte para um jogo de xadrez. Assim de repente, lembro-me dos spoofs feitos pelos Monty Python ou na série Mundo Catita com Manuel João Vieira, que recomendo valentemente.

Este é certamente o filme que mais gosto do realizador sueco, juntamente com o também premiado A Fonte da Virgem, ambos situados no espaço temporal da era medieval. Gosto de sublinhar não só a abordagem de Bergman à temática da fé e dos mistérios da vida, como também o papelaço que fazem Max von Sydow (no papel do cavaleiro) e Gunnar Björnstrand - que geralmente faz papéis de pai de família respeitado, médico e outros do género - e que aqui interpreta o papel de escudeiro, num registo cómico absolutamente sublime, e que dá outro tempero ao filme.

Vou deixar que seja um grande amigo meu a falar-vos mais de O Sétimo Selo. Música de 1969:

The Seventh Seal - Scott Walker (Scott 4 - 1969)
Anybody seen a knight pass this way
I saw him playing chess with Death yesterday
His crusade was a search for God and they say
It's been a along way to carry on

Anybody hear of plague in this town
The town I've left behind was burned to the ground
A young girl on a stake her face framed in flames cried
I'm not a witch God knows my name

The knight he watched with fear
He needed to know
He ran where he might feel God's breath
And in the misty church
He knelt to confess
The face within the booth was Mr. Death

My life's a vain pursuit of meaningless smiles
Why can't God touch me with a sign
Perhaps there's no one there answered the booth
And Death hid within his cloak and smiled

This morning I played chess with Death said the knight
We played that he might grant me time
My bishop and my knight will shatter his flanks
And still I might feel God's heart in mine

And through confession's grille Death's laughter was heard
The knight cried No you've cheated me!
But still I'll find a way
We'll meet once again and once again
Continue to play

They met within the woods the knight his squire and friends
And Death said now the game shall end
The final move was made
The knight hung his head
And said you've won I've nothing left to play

The minstrel filled with visions sang to his love
To look against the stormy sky
The knight his squire and friends
Their hands held as one
Solemnly danced toward the dawn

His hourglass in his hand his scythe by his side
The master Death he leads them on
The rain will wash away the tears from their faces
And as the thunder cracked they were gone

Das grandes personagens (6)

Pedro Granger a fazer de mau n'O Elo Mais Fraco.

2011-10-11

Bevar Christiania #8


E por falar em Shanghai de 1000...

...assim de repente, os quartos-de-final vão ser:

- Rafel Nadal vs Tomas Berdych (jogo em que o Nadal vai ganhar um difícil 1º set e um fácil 2º)

- David Ferrer vs Andy Roddick (o Ferrero elimina Verdasco; Ferrer ganha ao Raonic - mas só porque ainda não está bom - e depois elimina o Ferrero nos oitavos-de-final)

- Jo-Wilfred Tsonga vs Bernard Tomic (recordo que o Tsonga prepara-se para eliminar o garoto japonês que na 1ª ronda ganhou ao melhor jogador do mundo em 1ºs sets - o holandês Robin Haase - por 0-6 7-5 7-6)

- Andy Murray vs Gilles Simon

Mas isto sou só eu, que percebo destas coisas.

Conversas com Deus

Como é que este gajo me chega à final do ATP 500 de Beijing, obriga o Berdych a ir a três sets e depois me perde na 1ª ronda em Shanghai com o Albert Ramos? Alguém me explique, ó Criador do Universo...

2011-10-09

Por favor alguém faça uma versão pesada desta música

"Smultronstallet" - Ingmar Bergman (1957)

Ou Morangos Silvestres, em português. Uma viagem  de Estocolmo à sulista cidade de Lund que desperta também uma viagem pela memória.

Editado às 23h de 11/10/2011 - Soube agora, de fonte segura, que smultronställe é uma expressão sueca que significa a special place in your heart, a place you love.

Livro #15 de 2011

Escritor consagrado decide levar filho de 12 anos, viciado em manga e anime, ao Japão, com a promessa de não terem de visitar "O Verdadeiro Japão" - designação para o circuito de museus, templos e símbolos da cultura milenar japonesa. O título original é Wrong About Japan. Mais um da colecção Carlos-Vaz-Deus-na-Terra-Marques.

Livro #14 de 2011

Este ia nem que fosse pela capa, mas o livro vale por si.

Tillbaka från Stockholm

Há uma coisa que tenho vindo a aprender nestes últimos anos: por muito boa seja uma viagem, há sempre o culpado prazer do regresso. Tenham sido sete dias no Japão ou nas Seychelles, o viajante vai sentir-se feliz por estar de volta a casa. Não há nada como o conforto do sofá, das refeições quentes ou da TV por cabo. E foi nisto que pensei quando, a uns milhares de pés de altitude, constatava o completo caos que é o ordenamento do território português - sim, Portugal é imediatamente reconhecível em altitude ao verificarmos que não existe qualquer conceito de geometria ou linearidade na construção urbanística. Não há feng-shui que nos valha.

A Suécia é, desde que entrei na puberdade, o país que sempre quis conhecer. Não por influência da fase hormonal que então principiava mas, sobretudo, pelas bandas que ouvia na altura, o chamado death metal sueco: Opeth, In Flames, Katatonia, Dark Tranquillity, etc. E se não eram suecas, as bandas eram norueguesas ou finlandesas. Um poço de motivações legítimo, portanto. Mais tarde, e à medida que ia acumulando leituras, fui acrescentando motivações de outra espécie para gostar dos escandinavos, nomeadamente política, cinema, natureza e aprofundamento da democracia (miúdas). No fundo, era o sonho de mais um adolescente que não tinha muitos (aliás, que outro país teria um programa da manhã "assim"?). Este sonho viria, mais tarde, a ser prematuramente relativizado com a viagem a um outro país nórdico (ou semi-escandinavo), a que hoje chamamos de Islândia.

Estocolmo é a cidade que podemos ver na fotografia acima. Arquitectura marcadamente escandinava, limpa, bem conservada e rodeada de água. Ao centro, uma pequena península alberga a zona histórica (a chamada Gamla Stan) e separa as duas faces mais urbanizadas de Estocolmo (Norrmalm à esquerda e Söderrlam à direita). Do lado de cima, temos o Mar Báltico que nos conduz às cerca de 30 000 ilhas onde a maioria dos estocolmitas têm as suas summerhouses, o chamado Arquipélago; em baixo, o Lago Mälaren, um dos maiores da Europa e onde os nativos se aventuram quando no Inverno a sua superfície congela. Ao epíteto "A Veneza do Norte" atribuído à cidade de Estocolmo, eu respondo com um "A Paris Escandinava": cosmopolita e orgulhosa das suas raízes, o design moderno de Estocolmo convive tranquilamente com os omnipresentes símbolos monárquicos da Casa Real Sueca. Um quase paradoxo numa sociedade tão liberal mas que de alguma forma parece fazer sentido.

Um Get to Know Stockholm de quatro dias foi o plano considerado necessário a uma rápida mutação do turista português em Tomas Tranströmers turísticos, com a visita a muitos dos locais mais emblemáticos da capital sueca. Desde o Museu Nacional com as suas exposições de pintura sueca do séc. XVIII - e acima de tudo a exposição As Quatro Estações, brilhantemente preparada aliás, e onde se reflecte sobre os processos de criação da identidade nacional construída sobre a paisagística do país, a partir da criação artística do início do século XX - passando pelo edifício da Câmara Municipal onde é servido o banquete anual do Prémio Nobel, ou o Riksdag, o famoso parlamento sueco e responsável pelo momento mais excitante da incursão.

Destaco também o pequeno bairro de Gamla Stan. Foi neste pequeno bairro onde os grandes momentos foram vividos - nomeadamente a comemoração do remate certeiro do jogador Bruno César contra os romenos do Oțelul Galați. Decentemente comemorado, posso assegurar. E foi também na sequência desta comemoração que foi registada a melhor marca pessoal do ano no que às despesas em cerveja, em % do PIB, concerne e onde posteriormente os caminhos da madrugada turva nos cruzaram com um interessante leque de personagens potencialmente literárias que vão desde a versão sueca de Chris Crocker a uma jovem diplomata colombiana louvando o latinismo cavalheiro quando confrontada com a sua primeira experiência de homem sueco. Sem esquecer, claro, a alegria incontida de um jovem brasileiro que acabara de descobrir a existência de um secador na casa de banho comum do hotel. O garoto passou a ser um assíduo do "banheiro".

A experiência não podia ser completa sem uma visita à "Natureza". Num retiro às quasi-desertas ilhas do Báltico, para retemperar energias, comunicar com os deuses pagãos, ouvir os passarinhos e essas coisas todas que nos deixam de bem com a vida. Tenho de reconhecer não haver nada como tomar o café da manhã com vista para o Báltico.

De uma forma geral, a Suécia não é como a Islândia. Não é nem um contacto íntimo com a divindade criadora do universo, nem o local onde encontraremos a resposta para todas as nossas dúvidas existenciais - frase provada cientificamente com o curto diálogo ao balcão de um britânico alegre que perguntava a um barman local:

 - So...what's the meaning of life?
 - I don't know - respondeu o sueco.
 - You are a barman, you should know those things.

 Naquele que foi um momento cristalizador das angústias do ser humano quando confrontado com uma realidade da qual apenas suspeitava existir. Grande Sverige.

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